Compulsão Alimentar - Um vício oculto
- Luana Paiva
- 29 de jan. de 2017
- 4 min de leitura
Escrever sobre esse assunto considero tão delicado quanto escrever sobre vícios em produtos químicos ou drogas sintéticas. A compulsão alimentar é um vício tão devastador a ponto de ser confundido com qualquer coisa, menos com ela mesma. É uma doença perigosa, pois é silenciosa, oculta e socialmente aceita. Leva, inclusive, a morte ou perto, muito perto dela. Acaba com a saúde antes, te torna escravo de fármacos, médicos de diferentes áreas, psicólogos e por aí vai...
O social é ignorante a ponto de: Se recebermos em casa uma pessoa que come muito é considerado o "bom de boca", aquelas pessoas que gostamos de receber em casa, pois comem bem e sabemos que estamos agradando. Não faz desfeita. Come tudo e muito, isso é um bom sinal, pois está sendo bem servido, é bem quisto.
Ao contrário do que muitos pensam, a compulsão alimentar atinge pessoas magras, não apenas obesos, gordos ou tendenciosos. A compulsão pode começar pelo paladar, por covardias como diferentes glutamatos na comida para nos deixar obsediados por aquele sabor ou pode ser ainda pelo fator emocional/ psicológico/ espiritual.

O primeiro fator ocorre através das indústrias alimentícias, onde novos sabores tendenciosos nos pegam e não conseguimos nos livrar facilmente, surge o desejo insano que só sossegamos quando ingerimos aquele alimento, daí então nos acalmamos como crianças meigas e delicadas, mas até comer ficamos igual o Taz-Mania. Ao sermos pegos pelo segundo fator, precisamos repensar, parar e observar nossa vida e nossos pensamentos. Pois há algo muito errado ali.
Quando nos vemos em uma crise compulsiva, algo está perturbando o nosso emocional, o nosso espiritual para querermos afogar tudo em comida, não dar tempo de pensar naquilo que nos aflige, sufocamos tudo desesperadamente. Sim, desesperadamente. Ou você já viu uma pessoa compulsiva comer devagar? Não! Comemos como se não houvesse amanhã, como se aquela comida fosse desaparecer, comemos tensos até não ter mais alimento na nossa frente ou até não caber mais mesmo! Mas para chegar nesse estágio de não caber mais, já estamos passando mal, barriga dura, estufada, soprando, literalmente.
Pronto! Aí agora já conseguimos sufocar aquele pensamento que ia chegar, mas não deixamos, já escondemos embaixo de muitas calorias vazias, o passar mal ou sentir-se demasiado cheio toma lugar daquilo que nos incomodava. Agora então, posso sentar na frente da TV e assistir meu programa favorito e ter uma vida basicamente igual todos os dias, morrendo um pouco a cada dia.

O que não entendemos é que isso também é suicídio. Lento, mas é um suicídio. O pior deles, progressivo, cheio de angústias, dores e amarguras por não querer ter o equilíbrio de nossos pensamentos, sobre nossas próprias vidas. É preferível fugir! O pior é que muitas vezes nem sabemos o que nos aflige. Simplesmente, sinto aquela vontade louca, absurda de comer e preciso comer, se não fico nervoso, turrão.
É, não percebemos nossos pensamentos porque não temos controle deles e qualquer coisa é motivo para nos enchermos de porcarias vazias que nos deixarão mais inchados e inflamados. Doentes! Essa é a palavra que o compulsivo teme e não aceita, ser doente. Por isso nossa sociedade está cheia de doentes compulsivos, pois muitos ridicularizam a situação que vivem, fazem piadas de si mesmos, viram suas próprias chacotas, acham legal e assim vamos até termos um derrame, uma parada cardíaca, um AVC ou qualquer outra doença que nos acometa essa situação de desequilíbrio mental que expande ao biológico.
O que muitos ainda não entendem ou desconhecem é que o compulsivo pode até mudar seu estilo de vida alimentar, comer apenas do mais saudável, virar até crudívoro, fartar-se de alimentos da Terra e ainda ser compulsivo. Pois não tratou a doença em si.
Como posso acabar com a Compulsão Alimentar?
A compulsão requer antes de tudo respiração, calmaria, contrário a ansiedade. Em meio a crises, respire, isole-se, se perceba. Se estiver em casa, melhor. Atente-se a sua respiração, o ar que entra e sai do seu corpo. Respire com seus pulmões, imagine o ar entrando e saindo de cada órgão de seu corpo. Acalme-se! Este é o primeiro ponto. Não perca para você mesmo!
No início pode parecer impossível, mas garanto que é possível e isso tornará prática diária e constante à medida que se sentirá bem, irá querer fazer sempre. Praticar respiração consciente é um presente que se dará diariamente. Não significa que passará fome!
Perceba sempre, se analise e veja se o que sente é algo compulsivo ou de necessidade biológica. Só quem poderá dizer isso é você! Você reside no seu corpo. Responsabilize-se por ele. Não terceirize sua saúde entregando a farmácias, hospitais, médicos ou qualquer indústria alimentícia. Seja consciente e responsável 24 horas do dia por você!
Se questione o porque se sente dessa forma incontrolável, se pergunte quando perdeu o controle de si, o que falta ou o que está em excesso em sua vida para isso estar acontecendo. Não tenha medo de se conhecer, tenha medo de se perder!
Mude por você, não morra pelos outros! Assista ao vídeo abaixo em que Daniél Rocha, um exemplo de compulsivo alimentar, fala sobre o assunto.
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